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Aprendizagem significativa: a importância de olhar para cada aluno

Conteúdo do Artigo

Se você é educadora ou educador, trabalha na área, provavelmente já ouviu falar sobre a teoria da Aprendizagem Significativa.

Com o avanço do desenvolvimento das tecnologias e sua inserção na educação, principalmente no atual momento em que estamos vivendo (pandemia e aulas remotas), essa teoria ganhou espaço dentro das discussões sobre qual é a melhor forma para os alunos aprenderem.

Quando pensamos nos processos de aprendizagem, quando planejamos uma aula, temos o desejo de que nossos alunos aprendam algo novo com a nossa mediação. Claro, o professor e a escola têm muitos objetivos, mas um deles é levar novos conhecimentos para os sujeitos. Contudo, sabemos que, na prática, muitas interferências podem acontecer, afinal, o ambiente escolar é dinâmico e nem tudo está ao nosso alcance. 

A partir disso, muitas frustrações podem acontecer, seja da nossa parte ou da parte dos estudantes. A desmotivação é algo muito comum na realidade educacional brasileira. Professores são desmotivados por várias questões, assim como os alunos. 

É neste ponto que a teoria da Aprendizagem Significativa se faz importante: desenvolvida por David Paul Ausubel, ela considera os conhecimentos dos alunos e dos professores. Nesta linha pedagógica, podemos encontrar motivação para nossas ações e, também, motivar nossos alunos a aprender.

Mas, afinal, o que é a aprendizagem significativa?

Como dito acima, essa teoria foi desenvolvida pelo norte americano David Ausubel. Filho de imigrantes judeus, nasceu em Nova York, em 1918. Estudou medicina e psiquiatria, debruçando seus estudos e pesquisas na Psicologia Infantil. Junto com Piaget, Bruner e Novak, o pesquisador compõe a linha cognitivista que buscou conhecer os significados e os processos de compreensão dos indivíduos, em contraponto com os behavioristas, que acreditavam que a aprendizagem acontecia através do estímulo-resposta, como em ratinhos de laboratório. 

Para Ausubel, a aprendizagem é uma assimilação de significados, ou seja, ele descartava a ideia de que os alunos são como folhas em branco prontas para serem preenchidas com novos conhecimentos. Na verdade, David acreditava que os estudantes já possuíam conhecimentos previamente adquiridos em suas vivências sociais. Esses conhecimentos prévios são extremamente importantes nessa teoria, pois eles agem como âncora dos conhecimentos novos.

Para entender mais detalhadamente essa noção, podemos citar o autor Marco Antônio Moreira, responsável por compilar trabalhos sobre essa teoria pedagógica no livro “Aprendizagem significativa: teoria e textos complementares”. O autor afirma que, ao considerar a experiência do aluno, ocorre “um processo interativo no qual o novo ganha significados, se integra e se diferencia em relação ao já existente que, por sua vez, adquire novos significados”.   

Dessa forma, na teoria da Aprendizagem Significativa, a aprendizagem ocorre quando os alunos conseguem reorganizar os conhecimentos prévios com os novos conhecimentos adquiridos por meio das ações do professor. Ampliar e reconfigurar são duas palavras fundamentais para compreendermos essa teoria pedagógica.

Uma informação muito importante é que, para Ausubel, só vale a pena a aprendizagem para o aluno se ele conseguir ampliar e reconfigurar seus conhecimentos prévios. O aluno precisa desenvolver e transformar aquilo que já sabia antes de ir para a escola. E como isso ocorre? Por meio da ação do professor. 

Intencionalidade e ordem cronológica das ações do professor:

Essa ação do professor tem uma intencionalidade e uma certa ordem cronológica de intervenções a serem feitas, como podemos ver a seguir:

1°) A aula deve começar com uma pergunta/problema a ser resolvido pelo aluno. Esse é um ponto chave para a teoria: os estudantes têm o direito de construir uma tese sobre o assunto, que pode ser verdadeira ou não, mas que considera os conhecimentos prévios dos sujeitos. É a partir dessa pergunta/problema inicial que podem surgir dúvidas e, com elas, o desejo de querer compreender. 

2°) Somente após a construção da tese dos alunos é que vem a explicação por parte do professor. Esse é o momento de expor os conhecimentos novos, legitimados pelo currículo.

3°) Depois, os estudantes realizam a comparação entre os conhecimentos prévios e os conhecimentos novos. Ausubel defende a importância do estudo individualizado nesse momento, no qual o aluno se debruçará sobre o próprio conhecimento. É nessa parte do estudo que a tecnologia ganha grande destaque, ajudando em novas buscas e ampliações. Após esse momento de estudo individual, pode ocorrer a apresentação coletiva para a turma. 

Como realizar a aprendizagem significativa dentro de sala de aula?

Sabemos que todas essas teorias são muito bonitas, mas que a prática pode ser bem diferente. Mas, então, como realizar a aprendizagem significativa dentro de sala de aula?

O primeiro passo é considerar que nossos alunos, mesmo sendo muito pequenos, sabem algo de alguma coisa. Nós não iremos apresentar o mundo para eles. Os estudantes são seres pensantes e observadores desde o momento do nascimento. É preciso ouvi-los! Ouvir quem eles são, de onde eles vêm, quais são seus interesses (importantíssimo!), além de deixar que eles falem o que já sabem sobre determinados assuntos. Nesse sentido, temos que a aprendizagem é do aluno, com o aluno e para o aluno.

Por exemplo, se estamos atuando com o Ensino Fundamental 1 e vamos trabalhar a chegada dos portugueses ao Brasil , nós podemos iniciar nossa aula perguntando: “vocês acham que o Brasil foi descoberto?”, “quem já morou em nosso país?” ou, até mesmo, “quem foi Pedro Álvares Cabral?”. 

Se estamos trabalhando com adolescentes e vamos abordar o tema capitalismo, por que não iniciar perguntando se eles sabem como são produzidos os produtos que eles usam, antes de abordar os conceitos desenvolvidos por Marx? E, ainda, se vamos trabalhar com Matemática na Educação de Jovens e Adultos, por que não criar um problema envolvendo comércio/troco, que é algo presente no dia a dia de todos?

Esse ponto é muito importante pois, tradicionalmente em nosso país, os professores iniciam as aulas já contextualizando ou explicando os assuntos que irão trabalhar. Esse momento de escuta é fundamental para os alunos criarem dúvidas sobre os seus próprios conhecimentos, despertando a vontade de aprender. Acredito que esse momento também é relevante para os próprios educadores. Conseguimos realizar uma avaliação dos alunos, para compreender o que eles já sabem e, a partir disso, fazer as intervenções.

Ampliação do campo de visão

Importante ressaltar que o objetivo aqui não é desqualificar o conhecimento do professor, pelo contrário: as ações do educador são fundamentais para o processo de ampliação e ressignificação dos conteúdos pelos estudantes. A intenção é ampliar a forma de ver o mundo e de compreender os conteúdos oficiais que irão formar nossos alunos, não só para o futuro enquanto mão de obra, mas também enquanto cidadãos, na busca de uma sociedade mais justa para todos nós.

Tipo de conteúdo Link de acesso
#livro Aprendizagem Significativa: a teoria e textos complementares, de Marco Antônio Moreira.
#vídeo A aprendizagem significativa de David Paul Ausubel

 
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