É impossível pensarmos em alguma situação de comunicação social que não envolva a escrita. Desde ações simples e rotineiras como ir ao mercado, lendo os itens nas prateleiras, os rótulos dos produtos, lendo a notinha da compra e incluindo toda sorte de placa (lembrando que símbolos também são formas de escrever uma mensagem).
Agora, por exemplo, estamos usando a comunicação escrita como suporte para comunicar esse texto, que você pode estar lendo no computador, que também tem a escrita como base para tudo, ou no celular. Nesse caso o exemplo fica ainda mais claro, afinal qual parte do celular existe sem a escrita? Nenhuma! Tudo é linguagem de comunicação.
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A escrita está nas nossas vidas
A comunicação escrita atravessa nossas vidas de tal forma que, normalmente, nem paramos para pensar sobre o tamanho da importância que ela exerce em nosso dia a dia. E, principalmente, no trabalho que é um espaço diverso no qual a comunicação certeira se faz imprescindível, afinal é um ambiente em que a prioridade é o profissionalismo e assertividade das ações. Nesse espaço as dificuldades, são na maioria das vezes, causadas por falhas na comunicação. E as frustrações pessoais emergem de todos os lados, nos culpando porque não conseguimos expor nossas ideias de forma adequada.
Expor aquilo que sabemos afundo é mais difícil
Às vezes sabemos tanto do assunto que não conseguimos nos expressar de forma clara e simples para as pessoas ao nosso lado. Essa dificuldade é potencializada quando estamos dialogando com uma pessoa de área diferente da nossa e que tão pouco domina o nosso tema de conhecimento.
Citaremos dois exemplos:
- O colaborador da área de tecnologia, que trabalha com programação e está acostumado a seguir uma sequência lógica de pensamento, quando precisa modificar sua forma de agir baseado em um causa técnica, normalmente ele terá muita de explicar para o seu time as mudanças realizadas.
Na verdade ele “acha que consegue”, mas se perguntar para as pessoas ao redor, poucas (ou quase nenhuma) conseguirá te explicar o motivo. Ou seja, provavelmente elas não entenderam porque a comunicação foi falha! - Imagine agora que é o líder da sua equipe e faz uma mega apresentação, acreditando ter deixado claro tudo o que espera de cada colaborador até o final da semana. Contudo, ao receber os relatórios do seu time nos dias seguintes, você percebe que o que foi solicitado não foi realizado e aí, se questiona: – o que eu fiz de errado? Ninguém entendeu o que eu falei?
“O que você não entendeu?”
O quadrinho, da Mafalda acima, retrata, claramente, a dificuldade de compreensão do aluno em uma situação escolar, mas podemos transferir essa ideia para o ambiente de trabalho. É muito comum haver dúvidas semelhantes em reuniões, por exemplo, com times de outras áreas, para implantar ações coletivas e interligadas na empresa.
E nos fica o questionamento: para você que domina o (um) tema, a sua comunicação (textual ou verbal) está clara?
A pessoa que te ouve/lê e não domina o assunto do qual você está explicando, ela entendeu o que você quis dizer? Suas intenções ficaram claras?
Pode ser que as pessoas não tenham entendido nada do que foi dito e, provavelmente, tenham se sentido constrangido em questionar a falta de compreensão, porque provavelmente acha que a ele foi o “Incapaz” de não entender o conteúdo do que ele não domina.
Escrita representa poder
A escrita significa poder e prestígio em nossa sociedade, e é por meio dela que acontece a comunicação. Escrever e falar bem são itens valorosos, que revelam admiração pelos pares.
Por isso muitas vezes ela é tida como ferramenta de “se mostrar poderoso” e as pessoas a usam de maneira errônea com exageros e antiguidades que acreditam demonstrar conhecimento. Na verdade demonstram apenas um pedantismo (#EncheOSaco).
Schopenhauer no livro A arte de escrever, criticou enfaticamente os usos de prolixidade (#FalarDemais) e de neologismos (#CriarPalavras). Ele afirma que esses recursos não são itens enriquecedores da escrita, mas são, verdade, indicadores de uma tentativa de texto erudito (#ChiqueFormal) mas, que muitas vezes, está confuso e sem fundamentos.
A torre de marfim (#RedomaIntocada) da academia precisa ser quebrada, e o conhecimento precisa ser difundido de forma que todos entendam o que está sendo veiculado.
Comunicação clara é o que importa
Saber escrever e organizar as ideias de forma lógica é uma ação que além de ser aprendida, precisa ser exercida. Seja na escrita informal ou na escrita acadêmica, precisamos aprender e usar mecanismos de clareza e lógica para, conseguir executar um texto claro, coeso e com a fluidez necessária para o leitor entender o que você deseja passar.
De acordo com Steven Pinker, a maior complexidade da comunicação clara dos especialistas reside na chamada “maldição do conhecimento”. Essa maldição é, basicamente, a dificuldade do pesquisador em informar com clareza os seus conhecimentos.
Isso ocorre pois ele quando sabemos muito sobre um assunto, ele se torna tão claro para nós que acabamos achando-o banal e “lógico”, mas para quem não o conhece ele ainda é um tema distante e confuso.
Além disso quando estamos imersos em nossos próprios conhecimento e habitualidades usamos uma linguagem própria, com termos, abreviações, jargões e expressões específicas da nossa área, mas que podem soar completamente estranhas para quem nunca a ouviu.
Fórmula Mágica
A fórmula mágica para uma comunicação eficiente não existe (#MágicaSóNaDisney), mas existem formas e ações que nos ajudam a sermos mais claros. Por exemplo, sempre criar construções lógicas em ciclos: apresenta o contexto, explana os detalhes e fecha com uma conclusão que ligue todos os pontos apresentados. Além disso quando se tratar de comunicações com temas de especialistas é preciso que lembremo-nos de que as pessoas não “estão na nossa cabeça”, elas não sabem o que sabemos e, portanto, precisamos explicar de forma lógica.
Escrever definitivamente não é uma tarefa fácil. Porém existe uma série de recursos que podemos utilizar para desenvolver a comunicação escrita por meio de um ciclo lógico, coeso e coerente. O importante é que o comunicador desenvolva processos textuais lógicos para que a mensagem seja efetivada de forma clara, cumprindo o objeto base: comunicar!
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