Provavelmente você já discutiu sobre, ou viveu de perto, as questões que envolvem o tema do EAD, não é mesmo?
EAD é uma modalidade de ensino necessária e cada vez mais presente em nosso dia a dia, já que ela possui um caráter altamente inovador e escalável. Além disso, nos últimos tempos, e sobretudo nos últimos meses, vem ocupando lugar de destaque quando o assunto é “solução da educação”.
Sim, ela é indiscutivelmente uma solução educacional e carrega consigo benefícios e facilidades incríveis. Contudo temos que ter cuidado e considerar as questões contextuais ao EAD que são indispensáveis para promover o desenvolvimento de habilidades e competências a partir de uma aprendizagem efetiva e comprometida.
Neste artigo você vai ver
Afinal o que é o EAD na educação?
O ensino a distância (EAD) é uma modalidade que cresce cada vez mais no Brasil e vem se popularizando dia a dia. Em 2007, o Ministério da Educação (MEC) regulamentou cursos em todo o país e dessa forma, diversas faculdades vêm oferecendo cursos rápidos e de interesse para muitas pessoas, pois oferece a certificação profissional desejada. Contudo o que preocupa a muitos de nós, sobretudo educadores e docentes, é a qualidade desses cursos.
Apesar de serem cursos necessários para nosso contexto e indispensáveis para a escalabilidade do conhecimento, o que acontece é que eles, na grande maioria das vezes, se mostram como “certificações de parede”: existem, mas não teve de fato uma aprendizagem efetiva. Isso porque os cursos são promovidos de forma genérica (ainda mais genérica que a escolarização de sala de aula), sem pensar na aprendizagem individual.
A qualidade das aprendizagens está intimamente ligada com as ferramentas disponíveis para aumentar as potencialidades dos alunos e minimizar as dificuldades existentes. É essencial que haja a compreensão da real e imprescindível importância do desenvolvimento de habilidades e competências acadêmicas de forma singular, ou seja, entender que cada indivíduo aprende de um jeito e no seu tempo.
Contudo a questão da singularidade pode parecer uma via de mão dupla, porque tomada as proporções de reflexão do tema, o aluno na outra ponta poderia olhar para si e compreender também suas especificidades e dedicar-se com direcionamento e empenho às formas que mais são proveitosas para ele.
Dedicação e esforço na Sociedade do cansaço?
Byung-Chul Han (2017) define a nossa sociedade como a “Sociedade do Cansaço”, na qual a produtividade intensa gera um esgotamento excessivo. Afinal cada vez mais a nossa rotina está com mais tarefas e afazeres a ponto de deixarmos de lado outras coisas que gostaríamos de realizar, como por exemplo: o aprofundamento nos estudos.
Essa discussão está, inevitavelmente, ligada à questão do (in)sucesso e à nossa culpabilização individual. Muitas vezes, no papel de alunos, desejamos e tentamos realizar um novo curso, mas não temos a motivação necessária para fazê-lo com a dedicação necessária e, aliás, muitas vezes não conseguimos nem finalizá-lo.
Por isso é imprescindível que tenhamos clareza de quais são nossas necessidades e como podemos alinhá-las com nossas possibilidades de ação. Já que muitas vezes, essas nossas ações, estão limitadas e imersas em uma rotina de esgotamento. Fazendo com que não consigamos produzir o planejado pelo curso.
Sem esquecer que “o planejado pelo curso” foi pensado e idealizado em formas coletivas e massificada, sem considerar as especificidades de cada um de nós. Por isso, e muitas vezes, o EAD, não se faz efetivo e pode se tornar mais um problema ao invés de uma solução para nossa sociedade. Que vive imersa em cansaço e, paradoxalmente em cobrança de qualificação profissional, afinal estamos imersos em uma sociedade crescentemente grafocêntrica e certificadora.
Seria banal, e imaturo, achar que existe “uma solução” para educação. Existem caminhos possíveis e reais, fluídos e contextuais, os quais, definitivamente, não podem ocupar apenas a caixinha do EAD.
O caminho da educação é pela aprendizagem significativa
Educação efetiva e aprendizagem real se dão em meio a ações planejadas de acordo com as necessidades de cada pessoa, seja na forma presencial ou de modo online. Importa é que a estratégia de aprendizagem considere a história de vida e pondere o que cada um deseja alcançar em conhecimento e habilidades, tomando sempre o sujeito como protagonista da aprendizagem.
A educação só se faz efetiva quando há protagonismo real do aluno. Não idealizado e nem banalizado, mas efetivo e que o considere como agente central o educando. Ações essas que, por si sós, limitam os caminhos do EAD ou da educação escolar de massa. Contudo a escalabilidade da educação caminha, ainda, distante das condições necessárias à qualidade e efetividade da aprendizagem.
Além disso a aprendizagem, em suas diversas facetas, deveria conseguir priorizar aos alunos a compreensão necessária das várias práticas sociais de letramento. E, assim, eles conseguirão utilizar a leitura e a escrita no âmbito pessoal ou profissional de maneira crítica e reflexiva.
Apesar de não dar conta dessas principais necessidades, o ensino a distância pode ser ainda uma solução interessante. Pois em nossa sociedade do cansaço, ele é uma forma que possibilita flexibilidade no horário, otimizando nosso tempo e permitindo rearranjos dos estudos.
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EAD é uma solução, mas com ponderações
Ao escolher realizar um curso a distância, há bons benefícios nesse “pacote”. Como por exemplo conseguir encaixá-lo em nossas rotinas e seguir de acordo com nosso próprio ritmo de aprendizagem. Desde que haja professores atuantes e reflexivos no papel de mediador do conhecimento para o avanço das aprendizagens.
Além disso, o ensino a distância promove uma oportunidade de melhorar a nossa organização pessoal. Habilidade essa que é necessária, e valorizada, no mercado de trabalho atual, nos ajudando a ter e cumprir metas. Porém sem perder de vistas, as questões paradoxais que apontamos anteriormente, como as cobranças e culpas, “naturais” da nossa sociedade
Fato é que o mercado de trabalho tem buscado pessoas que sejam protagonistas de suas histórias vidas. Pessoas que são proativas, críticas, engajadas e que busque o conhecimento de diferentes maneiras.
A facilidade de conexão, como no EAD, encurta as fronteiras e ajuda a alcançar aprendizagens significativas e inovadoras, a partir da singularidade e necessidade de cada um.
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Tipo de Conteúdo
#livro “Sociedade do Cansaço”, está disponível para leituras em várias plataformas.
#especialista “A solução para o distanciamento social está à mão: EAD”
(Leia esse contraponto necessário)
#academia A revista Espaço Aberto da USP fez uma reportagem sobre o tema
“EAD é solução para problemas da educação brasileira?”
#conteúdovirtual No Medium há um texto sobre ” EAD no Brasil: solução ou só mais um problema?”
#vídeo A Univasf divulgou um repente sobre o tema “Um Repente sobre Desafios e Soluções da EaD no Semiárido”
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