Paulo Freire é considerado um dos maiores educadores brasileiros, aliás, um dos maiores educadores mundiais, reconhecido e valorizado por sua pedagogia libertadora.
Freire ficou conhecido por seu método inovador na alfabetização de adultos e por suas teorias pedagógicas. O educador recebeu inúmeros prêmios de universidades e organizações brasileiras e do exterior. Sua obra “Pedagogia do Oprimido” é o terceiro texto mais citado em trabalhos de Ciências Humanas do mundo. Em 2012, Paulo Freire foi considerado o patrono da educação brasileira pelo Congresso Nacional.
Por isso, a leitura deste texto é indispensável! A defesa das ideias de Paulo Freire é um ato político e necessário, principalmente porque o educador sempre reconheceu a importância do respeito, do diálogo e da diversidade de opiniões. Afinal, qual educador não busca essa concepção de educação?
Neste artigo você vai ver
Por que é preciso defender as ideias de Paulo Freire?
Na atual conjuntura política em que vivemos, falar e defender as ideias de Paulo Freire é mais do que urgente… É a busca por uma educação de qualidade, igualitária e justa. O educador acreditava na educação dialógica e na humanização dos homens. Dessa forma, precisamos entender o contexto social e histórico do nosso país.
O Brasil é um dos países com uma das maiores desigualdades sociais e econômicas do mundo, e não há projetos políticos para a melhoria da situação. Na verdade, o que temos é a intensificação e a perpetuação desses problemas. Às vezes, parece que vivemos em uma crise permanente.
O nosso problema é estrutural, e isso permeia o campo educacional de uma forma extremamente grave. O ensino brasileiro é muito defasado, aliás, muitos não conhecem ou nunca ouviram falar neste nome – Paulo Freire. Ou, ainda, escutam julgamentos errôneos de sua obra.
Além disso, infelizmente, a formação universitária brasileira não oferece a leitura necessária das obras do pensador. Muitos estudantes de Pedagogia ou Licenciatura terminam o Curso Superior sem ter tido contato com sua teoria.
A desvalorização da docência e a contradição do cotidiano
No Brasil, os professores enfrentam inúmeros problemas em sua profissão: salas de aula com muitos alunos, falta de infraestrutura e de materiais, formação insatisfatória, formas de contratação precária, condições degradantes de trabalho, salários baixos e desvalorização social da docência.
São tantos problemas que não há espaço para o diálogo ou a reflexão da prática e, dessa forma, não é possível encontrar soluções para as dificuldades vividas. As políticas são impostas e, cada vez mais, o professor perde sua voz.
Contudo, o diálogo, a escuta e a doação fazem parte do fazer cotidiano do educador. São competências necessárias para a prática educativa. Nesse sentido, faz parte do seu trabalho lutar por uma educação emancipadora e libertadora em que todos os alunos tenham vozes e sejam ouvidos. A educação de qualidade, emancipadora e dialógica é um direito de todos.
O professor está imerso na contradição de sua ação: ele luta por uma educação emancipadora, mas é impedido por todas as questões estruturais e políticas dominadoras que envolvem seu trabalho. Ou seja, ele é movido pela educação bancária.
Afinal, o que é a educação bancária?
Paulo Freire define a educação bancária como “um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador, o depositante” (FREIRE, 2017, p. 80). Na concepção bancária de educação, o saber é uma doação, uma transmissão de conhecimento, em que os alunos recebem o depósito do conteúdo. Diante disso, não há reflexão, não há criatividade, não há transformação e não há saber.
Nesse sentido, o professor detém o saber e o conhecimento e somente transmite para o aluno. Os alunos não interagem com o professor e não tem conhecimento prévio do tema a ser estudado. A educação bancária nega a educação como um processo de busca pelo conhecimento.
Nas palavras do educador, a educação bancária “é o ato de depositar, de transferir, de transmitir valores e conhecimentos” (FREIRE, 2017, p. 82). Não se reflete sobre a sociedade em que se vive. O aluno é meramente um depósito, bem como ocorre na atividade bancária.
Com base nessa teoria, é importante frisar que uma sociedade democrática não pode ser movida por uma educação bancária e controladora. A relação entre educador e educando precisa ter um caráter especial e marcante. Assim, precisamos ir contra a educação bancária, a qual, infelizmente, está posta nos modelos tradicionais de educação.
Educação bancária e seu impacto no processo de aprendizagem
A educação bancária enxerga o homem como um ser de adaptação e do ajustamento. Logo, o aluno não é ativo em seu processo de aprendizagem. O professor transfere o conhecimento, mas o aluno não tem voz. É uma educação autoritária. O aluno tem papel passivo – não tem opção de escolha e reflexão sobre o processo de aprendizagem.
Para superar a educação bancária, Paulo Freire defendia a educação problematizadora como alternativa aos educadores, tendo em vista que nessa perspectiva existe uma troca mútua de conhecimento: “o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa” (FREIRE, 2017, p. 96).
Assim, o papel do educador na educação problematizadora é proporcionar condições aos educandos de superação do conhecimento, buscando-o de forma coletiva. Nela, existe a troca e o diálogo entre aluno e professor, não há distância entre eles – os dois estarão motivados para o objetivo da aprendizagem.
Provocar novos desafios e diferentes formas de compreender o mundo em que vivemos é o principal papel do educador. É preciso engajamento na luta política pela transformação das condições concretas e tradicionais para que se consiga ter uma educação libertadora.
Tipo de Conteúdo
#livros Pedagogia do oprimido, de Paulo Freire;
Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido, de Paulo Freire;
Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa, de Paulo Freire.
#vídeo Programa Paulo Freire: Educação bancária X Educação Problematizadora